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segunda-feira, outubro 01, 2012

Nascer de uma amizade



Parte 13 do livro " O espelho de Alice B."

Naquele primeiro dia, quando acordou, Alice percebeu que ganhara uma amiga, que iria mudar muito sua percepção sobre os seres humanos, amizade e amor.

Quando acordei, vi que ela segurava minha mão, eu estava com outro vestido, um verde bem claro, estava com uma calcinha muito bonita e absorventes, Uma delas havia me trocado enquanto eu dormir. Mas, o mais importante para mim naquele momento, era que Carol segurava minha mão. Ela cumpriu a promessa de ficar ao meu lado.
Tentei me levantar sem acordá-la, mas, assim que coloquei os pés no chão, ela abriu os olhos e me chamou. Eu respondi que precisava ir ao banheiro, ela me levou e ficou me esperando. Depois, ainda sonolenta, lavou seu rosto e me levou á cozinha, onde vi que eram 2:58 da manhã.
Ela esquentou uma sopa e comeu junto comigo, lentamente, fui mastigando a sopa, com medo daquela ser minha ultima refeição e com cuidado para não passar mal novamente. Comemos, depois, nos sentamos no sofá, eu estava assustada ainda, era algo muito diferente do que eu estava acostumada a viver.
Aos poucos, fui conseguindo conversar com ela, contar um pouco da minha história. Ela me ajudou a tomar outro banho, e a deixei cuidar de alguns dos meus machucados.
Seus pais me deixaram ir ficando lá por algum tempo, e com o passar dos dias, consegui mostrar meus diários para Carol, e ela se mostrava cada dia mais interessada em me ajudar a fugir de quem me fazia muito mal por anos. A primeira semana foi difícil, por eu ter muitos hábitos ruins e estranhos. Eu dormia pouco, pois, acordava assustada e pensando em fugir. Não conseguia dormir sozinha, tinha de ter ela ao meu lado, mesmo de dia. Eles se revezavam para ficar ao meu lado, para me dar banho e me ajudar a comer.
Nessa época eu emagreci mais ainda, e passei por uma época que eu não conseguia andar, e precisava de ajuda para me vestir, comer, tomar banho. Eu ficava na cama o dia inteiro.
E assustava a todos, com minhas histórias, minha linguagem de bandido, meus pensamentos sobre dor e morte. Carol era quem mais me entendia, e me ajudava, mas, sua mãe e seu pai também se esforçavam muito, e só seus irmãos que eu pedi para não ter contato muito próximo, pois, eu tinha medo, apesar de dizerem que nunca me fariam mal.
A família queria muito me levar ao hospital, e eu relutava constantemente. No entanto, lá pela terceira semana, fui obrigada a aceitar ajuda médica, pois, havia parado de andar e agora, meu organismo formava hematomas e calombos em todo meu corpo.
Não deixei que me levassem ao hospital, mas, permiti que no máximo duas médicas fosse me atender. Primeiro, pedi que Carol e sua mãe ficassem juntas comigo no quarto. Depois, pedi que não me deixassem ficar nua, mas, isso, não pode acontecer, pois me explicaram que minha situação íntima estava ruim, aqueles pontos mal feitos estavam infeccionados e eu precisava mostrar para a médica e contar minha história.
E assim, começaram a procurar por uma médica capaz de curar meus ferimentos sem me entregar aos meus agozes, sem enlouquecer com minha história e ética o suficiente para ambos.

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