Eu tinha 8 anos quando as conheci, estava sozinha na escola, era intervalo e todos estavam brincando. A turma dos meninos, as patricinhas, os nerds e eu, a gorda rejeitada.
Naquele primeiro dia, eu as ouvi, elas se apresentaram, Anna e Mia, e disseram que com elas eu nunca mais seria a mesma, que eu seria especiale que elas me ajudariam a emagrecer, manter meu corpo em forma e ser mais popular, que eu seria feliz com a ajuda delas.
Eu, boba, não dei ouvidos e fiquei ali vendo elas partirem. O sinal tocou e voltei para sala. Não prestei atenção em nada que o professor nos ensinou, estava muito ocupada pensando na propasta que haviam feito.
Eu poderia mudar, elas me dariam uma oportunidade bem bacana de ser tudo que eu queria, magra, bonita e popular.
Cheguei e casa e minha mãe havia comprado revistas de moda, comecei a olhar uma por uma de forma cada vez mais rápida e compulssivamente, foi quando elas apareceram diante da minha porta e tocaram a campainha. Eu abri e as deixei entrar e eu as aceitei, aceitei sua ajuda, sua amizade, e nunca, nunca nesses 13 anos pensei em me separar delas.
Já tivemos altos e baixos, já cheguei bem perto da perfeição e achando que não precisava mais delas eu as abandonei e voltei a ser pior do que era antes. Mas elas me perdoaram e me aceitaram de volta.
O que elas ganharam? Minha alegria, meus dentes, minha força, minha infância, minha família, meus falsos amigos, o brilho dos meus olhos, a maciez da minha pele, meu peso, minha saúde e inocência e se pedirem darei minha vida. O que eu recebi de volta? A chance de ser perfeita se eu fizer tudo direito, e eu farei, pois mais vale a perfeição do que tudo que as entreguei.
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