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sábado, novembro 19, 2011

CARTA DE DESPEDIDA DE UMA SUICIDA

Vejo-me mais uma vez aqui, desesperada, sozinha, com muita vontade de morrer, desejo suicida na cabeça, mas como sempre, me falta a tal da coragem.
Queria chegar aqui e escrever, vou me matar, e realmente morrer, pois de nada vale uma carta suicida se não houver um suicídio de verdade.
HÁ anos tento, tento, e tento me suicidar, mas sempre falta coragem de ir adiante. Já tentei 103 vezes, mas no fundo eu sabia que não morreria.
Sabia que os atropelamentos so quebrariam meus ossos, e quebraram, sabia que as forcas se romperiam com meu peso, sempre soube que não morreria.
A única vez que eu não soube, foi quando tomei veneno, pois nunca havia tomado. Foi horrível, o desespero triplicou, fiquei vendo minha vida passando e eu cada vez mais longe, mais morta. Acho que antes de desmaiar devo ter pedido perdão a Deus por ter feito isso, devo ter chorado e implorado pela vida.
Deu certo. Fiquei uma semana com fortes dores estomacais, vômitos, desmaios, tonturas, MAS não morri, estou viva.
Mesmo sabendo disso, desse milagre, estou com sede de morte, preciso morrer.
Porque quero morrer? Simplesmente porque fui machucada novamente, fui usada feito lixo, pisada feito tapete. Mais uma vez vi meu corpo sendo usado como um simples objeto de desejo.
Odeio isso, odeio eles, odeio a mim, odeio meu medo e meu silencio, odeio a solidão, o desespero, o pânico, odeio a vida.
Vida? Ser estuprada por quem deveria me proteger é vida?
Não, não para mim, pois isso é pior que a morte, aquela morte que mais uma vez buscarei, pedindo para morrer, sabendo que viverei.

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