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quarta-feira, setembro 05, 2012

Dias Tempestuosos




Parte 5 da Web O espelho de Alice B.

Qual mulher nunca sonhou e planejou ter um filho? E mesmo as que não podem ter de forma natural, dão um jeito. Ou as que não planejam, acabam amando quando eles aparecem de surpresa.

Alice nunca teve essa opção, de planejar ou escolher ter ou não um filho. Quando isso aconteceu, ela não pode ao menos ter a oportunidade de ser algo tão natural ás mulheres, ser mãe.


Alice engravidou após sua primeira fantasy party, e não sabia ainda o que era estar gerando um bebê, nem conseguia imaginar o que fariam com ambos quando descobrissem.
Sobre essa primeira gestação, encontrei muitos trechos em seus diários, vou postar abaixo, os trechos, não na ordem que foram escritos, mas, de uma maneira que consigam entender o que ela sentiu e como aconteceu essa gestação.

Nunca quis ter uma criança, pois, meu maior medo era que ele ou ela sofressem tudo que sofro hoje. Tinha 13 anos quando engravidei, e naquela época não consegui escrever sobre isso, pois, sofri muito e tentei de todas as formas apagar isso da minha mente. Muitas das vezes que me droguei, foi na vã tentativa de deletar esse e outros fatos e momentos da minha história.

Meu primeiro bebê foi gerado após uma das "festas" que me obrigaram a participar, nunca soube, nem saberei qual deles conseguiu fazer isso, nem se era um ou mais bebês. Nunca saberei, pois, não me levaram á medico algum. Não cheguei a menstruar, mas, enjoei muito e tinha fortes dores no estômago, mas, nunca ligaram para minha saúde.
Minha barriga começou a crescer, eu deveria estar de quase 3 meses já quando descobriram que havia uma semente dentro de mim. E nunca quero me lembrar a forma que foi retirada de mim, meu filho.

Estou escrevendo aqui algo que quero esquecer, mas, que precisa ser lebrado. A forma como meu primeiro filho foi abortado de mim. Eu estava dormindo quando percebi alguns gritos, e acordei já em meio a socos na barriga, pontapés, gritos, e algo me acertava bem forte, acho que uma barra de ferro. Lembro de chorar muito e pedir, implorar que parassem, mas, ninguém parou até que eu me esvazia-se em sangue, dor, medo e silêncio.
Devo ter ficado desacordada por dias, quando acordei já não estava mais com um bebê dentro de mim, não sangrava mais. Fiquei muda, sem reação por muitos dias.

Fazem anos desde que passei pela primeira gestação, e ainda sinto um medo e vazio enormes, de quando me tiraram meu bebê, meu filho. Nessas noites frias me sobram as lembranças doloridas de uma vida que desejo esquecer.

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