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quarta-feira, agosto 08, 2012

O covil dos monstros




Parte 1 Aqui

Alice não voltou mais á escola naquele ano, nem nos 12 anos seguintes. Ela continuo escrevendo sempre que podia, e em uma das primeiras páginas, ela relata que as brincadeiras com o tio continuaram e que elas estavam cada vez mais estranhas e que doía muito quando ele pedia para ela se sentar em seu colo ou quando procurava o segredo dentro dela, e que ela queria muito não ter segredos a guardar.

Diário, Eu estou triste, titio vem querendo que eu faça aquela brincadeira com ele de procurar o tesouro dentro de mim, mas, eu sinto algo estranho quando ele brinca comigo. ás vezes ele grita umas palavras estranhas e eu não sei o que ele quer dizer, depois ele me dá um leite ruim para beber e se não quero ele diz que vai me bater se eu não tomar.
Essa noite eu acordei chorando e ele me disse que vamos mudar de casa para que eu possa chorar e ninguém me ouça. O Cacau, um amigo dele, ás vezes vem aqui e pergunta se quero brincar com ele igual brinco com o titio, e eu digo que não e corro e ele diz que não estou pronta. Falta algum pedaço em mim? Ainda não estou inteira? O que falta? Não quero brincar mais, quero ficar no meu quarto e comer os doces que escondido embaixo da cama. Quero sonhar com a mamãe e que ela pegue na minha mãe e me faça cafuné enquanto meu papai me canta uma canção para eu dormir.

Alice completou 8 anos e a promessa de seu tio se realizou, ela, não somente mudou de casa, para uma com porão com isolamento acústico, como também mudou completamente sua vida. Estava começando o fim de sua vida, não fisicamente, mas emocionalmente, o fim de tudo que conhecia como vida.

Outra página de seu diário, escrita quando ela já era adulta, revela como foi essa mudança, da casa de seus pais para o porão da casa do amigo de seu tio.

Me lembro ainda daquele dia de agosto, em que fui obrigada a deixar tudo que eu amava e passar a viver sob o chão e ser estuprada diariamente. Foi quando conheci o medo, a dor, os pesadelos de minha vida. Onde achei que fosse morrer, mas, para infelicidade de uma garotinha com 8 anos, continuei viva.
Eu já havia aprendido sozinha que as brincadeiras de meu tio e seu amigo já não eram mais brincadeiras, eram reais e ruins. Ainda não tinha noção de estupro, abuso sexual ou pedofilia, eu apenas sentia que não deveriam mexer com meu botãozinho, que dois um estranho nunca deveria me fazer mal, muito menos meu tio.
Naquele dia ele me disse apenas que iríamos mudar, mas, nunca disse que o que mudaria seria minha vida. Que os monstros no armário seriam meus melhores amigos, junto com Judy, meu amigo imaginário que me salvou de enlouquecer nos piores momentos. Meu único companheiro quando nem escrever eu podia.
Fui jogada num quarto sujo, com cheiro de detergente estragado, com cheiro ruim e ar pouco respirável. A primeira visita da noite foi o X, que espero nunca mais chamar de tio, pois ele passou a ser somente o monstro X. Ele não falou muito, apenas me deu um soco tão forte que eu apaguei metade da noite e quando acordei, ele já estava em cima de mim, me devorando viva, como lobos fazem com carne morta.
Eu passei apenas a ser uma carne deliciosa perante o monstro que estava ali. Senti tanta dor aquele dia que chorei muito e quanto mais eu chorava e tentava escapar, mais ele me batia e me açoitava com seu corpo em cima do meu.
Hoje ainda consigo ouvir minha voz fraquinha depois do abuso, implorando para que papai viesse tirar o monstro dali. Mal eu sabia que meu pesadelo real estava só começando.
Depois dele, veio seu amigo H e ainda naquele dia, mais 2 estranhos vieram roubar minha inocência, a pureza que ainda restava dentro de mim, meu tesouro, segredo escondido embaixo do meu vestido.

3 comentários:

  1. história triste e chocantes, ao pensar que muitos passam por isso :/

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    1. Por isso escrevo, para que as pessoas sejam mais conscientes e menos doentias, para evitar que tantas meninas e menino sofram nas mãos de quem pode lhe fazer mal.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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